Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. O espírito (alma) é o princípio inteligente do Universo. Há, dois elementos gerais do Universo; a matéria e o espírito, e acima de ambos Deus, o Criador, o pai de todas as coisas. Essas três coisas são o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria, não haveria razão para que o espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; susceptível, em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito, de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elemento, sendo o agente de que o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de dispersão e não adquiriria jamais as propriedades que a gravidade lhe dá. (1)
O fluido universal não é uma emanação da Divindade. Tudo foi criado, exceto Deus
O fluido universal é o princípio elementar de todas as coisas. É o elemento do fluido elétrico, cujos efeitos é conhecido. Para encontrá-lo na simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No nosso mundo, planeta Terra, ele está sempre mais ou menos modificado, para formar a matéria compacta que nos rodeia. Podemos dizer que ele mais se aproxima dessa simplicidade no que conhecemos como fluido magnético animal (2).
Afirmou-se que o fluido universal é a fonte da vida, contudo, esse fluido só anima a matéria. (3)
O fluido universal é susceptível de inumeráveis combinações. O que chamamos fluido elétrico, fluido magnético são modificações do fluido universal, que é, propriamente falando, uma matéria mais perfeita, mais sutil, que pode ser considerada como independente. (4)
O espírito propriamente dito é envolvido por uma substância, vaporosa para os homens, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo, mas ainda bastante grosseira para os Espíritos, entretanto, suficiente para que eles possam elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiserem, inclusive, suficiente para que eles possam comunicar-se e agir sobre a matéria, e vice-versa. Como a semente de um fruto é envolvida pelo perisperma, o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório chamado de perispírito. (5)
Sendo o fluido universal que forma o perispírito, ele não possui todas as propriedades da matéria e a sua condensação é maior ou menor, segundo a natureza dos mundos. (3)
O perispírito desempenha papel muito importante em todos os fenômenos espíritas, nas aparições vaporosas ou tangíveis, no estado do Espírito no momento da morte. (6)
O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético, e até um certo ponto, a própria matéria inerte. Poderíamos dizer que é a quintessência da matéria. E o princípio da vida orgânica, mas não o da vida intelectual, porque esta pertence ao Espírito. E também o agente das sensações externas. (6)
A alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito (7), ou seja, coletivamente, são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o Universo, além do mundo material (8).
A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem, assim, o homem é formado de três partes essenciais:
1°. a alma ou espírito elementar (9), princípio inteligente que abriga o pensamento, a vontade e o senso moral;
2°. o corpo, envoltório material que coloca o Espírito em relação com o mundo exterior;
3°. o perispírito, envoltório fluídico, leve, imponderável, servindo de liame e de intermediário entre o Espírito e o corpo. (10)
Durante a vida o Espírito está ligado ao corpo pelo seu envoltório material ou perispírito. (11) Quando o envoltório exterior (corpo físico do homem) está gasto e não pode mais funcionar, ele sucumbe e o Espírito dele se despoja, como o fruto se despoja de sua casca, a árvore de sua casca, a serpente de sua pele, em uma palavra, como se tira uma veste velha e imprestável: é o que se chama de morte. A morte é apenas a destruição do corpo, e não desse envoltório, que se separa do corpo quando cessa a vida orgânica, como a borboleta deixa sua crisálida; contudo, ela conserva seu corpo fluídico ou perispírito.
A alma conserva a sua individualidade após a morte e não a perde jamais. A alma constata a sua individualidade, pois tem um fluido que lhe é próprio, que o extrai da atmosfera do seu planeta e que representa a aparência da sua última encarnação: o seu perispírito. (12)
Os Espíritos, seres que povoam o Universo além do mundo material não são, pois, seres abstratos, vagos e indefinidos, mas seres concretos e circunscritos, aos quais não falta senão serem visíveis para assemelharem-se aos humanos, de onde se segue que, se em dado momento, o véu que os oculta pudesse ser levantado, eles formariam para nós toda uma população circundante. (13)
Os Espíritos têm todas as percepções que tinham sobre a Terra, mas em um mais alto grau, porque suas faculdades não estão mais amortecidas pela matéria; eles têm sensações que nos são desconhecidas, veem e ouvem coisas que nossos sentidos limitados não nos permitem nem ver, nem ouvir. Para eles não há obscuridade, salvo para aqueles cuja punição é de estarem temporariamente nas trevas. Todos os nossos pensamentos repercutem neles, que os leem como em um livro aberto; de sorte que aquilo que podemos ocultar a qualquer outra pessoa, não o podemos mais desde que ele é Espírito. (14)
O perispírito, portanto, faz parte integrante do espírito, como o corpo faz parte integrante do homem. Mas o perispírito sozinho não é o homem, pois o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o Homem: o agente ou instrumento de sua atividade. (15)
A natureza íntima do espírito propriamente dito, ou seja, do ser pensante, é para nós inteiramente desconhecida. Ele se revela a nós pelos seus atos, e esses atos só podem tocar os nossos sentidos por um intermediário material. O Espírito precisa, pois, de matéria, para agir sobre a matéria. Seu instrumento direto é o perispírito, como o do homem é o corpo. (16)
O perispírito pode variar de aparência, modificar-se ao infinito, contudo, a alma é a inteligência e sua natureza não muda. (17)
O mundo visível vivendo no meio do mundo invisível, com o qual está em contato perpétuo, disso resulta que eles reagem incessantemente um sobre o outro; que desde que há homens, há Espíritos, e que se estes últimos têm o poder de se manifestar, devem tê-lo feito em todas as épocas e entre todos os povos. Entretanto, nestes últimos tempos, as manifestações dos Espíritos tomaram grande desenvolvimento e adquiriram um maior caráter de autenticidade, porque estava nos objetivos da Providência colocar termo ao flagelo da incredulidade e do materialismo mediante provas evidentes, permitindo àqueles que deixaram a Terra virem atestar sua existência e nos revelar sua situação feliz ou infeliz, assim, os Espíritos podem se manifestar para os homens de muitas maneiras diferentes: pela visão, pela audição, pelo tato, pelos ruídos, o movimento dos corpos, a escrita, o desenho, a música, etc. (18)
Para progredir, a alma necessita sempre de um instrumento, sem o qual ela não seria nada para nós, ou melhor, não a poderíamos conceber. O perispírito para os Espíritos errantes é o instrumento pelo qual eles podem se comunicar com os homens, seja indiretamente, por meio do corpo físico ou do perispírito, seja diretamente com a alma. Vem daí a infinita variedade de médiuns e de comunicações. (19)
A manifestação é o ato pelo qual um Espírito revela sua presença e elas podem ser:
Ocultas – quando não têm nada de ostensivo e o Espírito se limita a agir sobre o pensamento;
Patentes – quando são apreciáveis pelos sentidos;
Físicas – quando se traduzem por fenômenos materiais, tais como ruídos, movimento e deslocamento de objetos; Inteligentes – quando revelam um pensamento;
Espontâneas – quando são independentes da vontade e ocorrem sem que nenhum Espírito seja chamado;
Provocadas – quando são efeito da vontade, do desejo ou de uma evocação determinada;
Aparentes – quando o Espírito se faz visível à vista. (20)