Pequena homenagem à Grande Dama do Espiritismo: Amélie G. Boudet, a Sra. Kardec

Em 22 de novembro de 1795, na França, nascia Amélie Grabrielle Boudet, mais tarde conhecida como Sra. Allan Kardec. A ela prestamos uma pequena, mas afetuosa homenagem.

Senhorita Amélie Gabrielle Boudet

Nascida em 23 de novembro de 1795 na cidade francesa de Thiais, sendo a única filha do casal Julien-Luis Boudet, tabelião, e sua esposa Julie-Loise Seigneat de Lacombe, na intimidade familiar era chamada de Gaby (apelido pelo qual a chamava, também, seu esposo, Rivail).

Formada em uma escola que seguia a metodologia de Pestalozzi, foi professora de Letras e Belas Artes, sendo também poetisa, artista plástica e escritora. Produziu as obras: Contos Primaveris (1825), Noções de Desenho (1826) e O Essencial em Belas Artes (1828).

Tudo isso em uma época em que as mulheres sofriam grandes preconceitos e se casavam muito jovens para se dedicar ao lar e à família.

Senhora Rivail

Como Rivail e Amélie se conheceram? Podemos pensar em algumas possibilidades: foram apresentados por um amigo em comum, durante um sarau artístico ou outra atividade cultura, talvez se procuraram em função da admiração mútua pelo trabalho de educadores…

Há quem afirme que eles se conheceram na estreia de uma peça teatral, no ano de 1830. O fato é que dois anos depois, no dia 9 de fevereiro de 1832, se casavam, dando início a um relacionamento extremamente bonito, marcado pelo respeito e companheirismo.

Juntos, se dedicaram à grande paixão: educar. Juntos, viveram momentos felizes e outros de dificuldades. Juntos, superaram os desafios.

Amélie Boudet: uma grande educadora

Amélie foi uma mulher muito à frente do seu tempo. Professora, artista plástica, poetisa e escritora. Em fevereiro de 1832 casa-se com o professor Rivail e, juntos, batalham por melhorias na educação. Abrem uma escola onde distribuem vagas para crianças que não podem custear os estudos, incluindo meninas (à época, a escola não era prioridade para o sexo feminino).

Para o casal era essencial que meninas tivessem uma boa formação educacional, haja vista que, eram exatamente elas, as principais responsáveis pela educação dos filhos e, como diziam, precisavam ter informações para melhor cumprir o seu papel.

Senhora Kardec

Em 18 de abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, nasce Allan Kardec e sua esposa passa a ser conhecida como Sra. Kardec.

O apartamento do casal passou a ser local concorrido para reuniões sobre o Espiritismo, exigindo da senhora muitas providências que a deixavam extenuada. Mas engana-se quem pensa que o papel de Amélie foi apenas o de organizar reuniões.

Ela era a pessoa com quem o Codificador discutia a pesquisa espírita, debatia assuntos relacionados à Doutrina e à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Eram, enfim, parceira no trabalho que fez surgir as quase 8 mil páginas que fundamentam a Doutrina Espírita.

Também nela ele encontra o conforto para os momentos duros de luta que incluíram críticas, perseguições, dificuldades financeiras, entre outros – saiba mais sobre o Auto de Fé de Barcelona, a queima de livros espíritas em uma praça pública.

Tanto que na Revista Espírita de Junho de 1865, Allan Kardec afirmou: “Minha mulher, aderiu plenamente aos meus intentos e me secundou na minha laboriosa tarefa, como o faz ainda, através de um trabalho frequentemente acima de suas forças, sacrificando, sem pesar os prazeres e as distrações do mundo aos qual sua posição na família havia lhe deixado”.

Viúva Kardec

Após o desencarne do esposo, a senhora manteve-se firme nos cuidados da Sociedade, dos livros e legado deixados pelo marido. Tomou providências essenciais para manter o trabalho no rumo que Kardec havia idealizado e, mesmo diante das grandes dificuldades, trabalhou bravamente até o dia de sua partida para o plano espiritual.

Sua participação no surgimento do Espiritismo (e sua manutenção) foi, portanto, extremamente importante e necessária para manter a coerência doutrinária. Levando-se em conta que era uma mulher em um mundo altamente machista como o do século 19, podemos ter uma ideia de como Amélie precisou ser forte para executar as tarefas que lhe couberam.

Com o desencarne de Allan Kardec, em 1869, a viúva do Codificador passou a trabalhar para defender a coerência doutrinária. Foi uma tarefa difícil, mas que contou com o apoio de amigos como madame Berthe Fropo, Gabriel Delanne e Léon Denis, entre outros espíritas que sabiam valorizar aquela grande mulher, ou melhor, aquele grande Espírito!

 Amélie Gabrielle Boudet, a Sra. Allan Kardec, desencarnou em 21 de janeiro de 1883, aos 87 anos. Seus restos mortais repousam ao lado dos de seu grande amor: Rivail, Allan Kardec.

Uma grande trabalhadora espírita, com amor pela Doutrina, coragem e ousadia de batalhar pelo que acreditavam. Uma grande mulher, merecedora de nossa homenagem.

 

Fonte:

agendaespiritabrasil.com.br

Martha Rios Guimarães

Jornalista e escritora, integrante do Centro Espírita Gabriel Ferreira, participa da USE Distrital Vila Maria desde 2000. É criadora e coordenadora do projeto: “Comece pelo Comecinho” e autora do livro “Comece pelo Comecinho – Educação Espírita Infantojuvenil: uma proposta de trabalho”, pela editora O Clarim, integrante da equipe Café com Kardec.

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